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Filomena Bispo sobre Terror e Miséria

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COFFEEPASTE
29 de Março de 2024

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Filomena Bispo sobre Terror e Miséria

O Grupo D´Artes e Comédias do Banco de Portugal existe desde 1994 e tem, ao longo dos anos, trabalhado com vários encenadores portugueses. Prepara-se para apresentar o espetáculo "Terror e Miséria", a partir do texto de Bertolt Brecht, com encenação de Nuno Nunes. As apresentações acontecem de 11 a 14 de abril de 2024 no Auditório do Liceu Camões, em Lisboa. Conversamos com uma das atrizes do grupo, Filomena Bispo, para saber mais.


Como surge o Grupo D´Artes e Comédias do Banco de Portugal (GAC)?

Em 1994, alguns empregados do Banco de Portugal com vocação artística, de entre os quais Isabel Lage, que hoje ainda faz parte do Grupo, sendo uma das suas atrizes e responsáveis de produção, apresentavam pequenos sketches cómicos em eventos, de índole cultural, promovidos pelo Grupo Desportivo e Cultural da instituição.


Em maio de 1995, aqueles empregados, fruto da experiência bem-sucedida na apresentação dos referidos sketches cómicos, apresentaram, pela primeira vez, uma peça de teatro, de autoria e criação próprias, que satirizava a vida quotidiana na instituição, intitulada “Meu Banco, Meu Amor”, cuja encenação ficou a cargo dos colegas Carlos Lopes, Carlos Farinha, Neto e Silva, Vítor Garcia e Hélder Santos.


Um dos encenadores da referida peça de teatro, Carlos Lopes, fazendo parte da Direção do Grupo Desportivo e Cultural, propôs a criação da Secção de Teatro, cuja iniciativa foi aceite e bem acolhida por toda a demais Direção.


Após o grande sucesso de “Meu Banco, Meu Amor” junto dos colegas e também da própria administração do Banco de Portugal, foi formalizada a denominação do atual Grupo D´Artes e Comédias (GAC). Desde então, este Grupo de Teatro mantém a sua atividade, sendo constituído por empregados e reformados do Banco Central, seus familiares e amigos, que vivem o Teatro de uma forma apaixonante e desinteressada e dedicam muitas horas do seu descanso a essa celebração da vida.


O que destacas de um percurso que começou em 1994?

Destaco os anos de 2013, 2018 e 2020:


                 i.    2013, porque foi o ano em que o GAC passou a ser dirigido por profissionais ligados ao metiê artístico, o que levou a uma aposta forte na formação e no crescimento dos seus atores, uma espécie de formação on the job, abandonando a anterior tradição do recurso a encenadores não profissionais;


               ii.    2018, porque foi o ano em que a nova direção deste Grupo de Teatro tomou a decisão de abrir os seus espetáculos ao público em geral, não se circunscrevendo ao seu público interno. 2018 ficou também marcado pela primeira participação do Grupo no Concurso Nacional de Teatro Amador (CONTE), na Póvoa do Lanhoso, com a peça “Brincadeiras”, uma criação coletiva própria, com encenação de Claudio Hochman, tendo arrecadado 7 dos 10 galardões em concurso, de entre os quais se destaca o Prémio Ruy de Carvalho para a melhor Produção. Esta conquista levou o GAC a apresentar esta peça de teatro em mais de 15 salas de espetáculo espalhadas pelo país, destacando-se o Teatro da Trindade, em Lisboa, e o Teatro Viriato, em Viseu. Desde então, o GAC tem vindo a ser convidado, não só por companhias de teatro amadoras, mas também por associações de cariz de solidariedade social e câmaras municipais para repor as suas várias produções em diferentes cidades do país;


              iii.    2020, porque foi o ano em que decidimos apostar numa produção mais profissional, passando a promover os espetáculos do GAC junto dos media nacionais, bem como a abrir bilheteira junto de uma plataforma online, abrangendo todo o público no território nacional. Este ano também se pautou por um alargamento da equipa técnica, através da contratação de profissionais ligados à cenografia, figurinos, luminotecnia, sonoplastia, fotografia e design gráfico.


Com que encenadores têm trabalhado ao longo dos anos?

Até 2013, o GAC trabalhou somente com encenadores não profissionais


A partir de 2013, passou a contratar para a sua direção artística encenadores profissionais, concretamente, Jorge Gonçalves, Claudio Hochman, Sofia de Portugal, Miguel Loureiro, Carla Maciel, Luís Moreira e, atualmente, Nuno Nunes. Também na assistência de encenação, o GAC contou com a colaboração de Marta Kaufman, Miguel Linhares, Bernardo Beja e Nélson Sousa


Trabalhando num local com tanta responsabilidade como o Banco de Portugal, são importantes as incursões nas artes?

São muito. Justamente pelo facto de as funções exercidas no Banco de Portugal comportarem uma enorme responsabilidade é que a incursão nas artes, em particular, no Teatro, se afigura de vital importância, pois permite focarmo-nos numa realidade completamente diferente, de sentido lúdico, que é libertadora, sensorial e, ao mesmo tempo, verdadeiramente desafiadora e estimulante. Para nós, a incursão nas artes representa uma autêntica terapia rejuvenescedora. Sorte a nossa de podermos trabalhar numa instituição que representa um work life balance em que, para alguns, o Teatro também assume um lugar de grande destaque.


Como surgiu a oportunidade de apresentar “Terror e Miséria", a partir do texto de Bertolt Brecht?

Com o convite formulado ao Nuno Nunes para assumir a direção artística do GAC, foi-nos proposto representar uma peça do autor Bertolt Brecht, algo já pensado pelo Grupo há uns anos. De entre o leque de obras lidas, optámos pelo Terror e Miséria do Terceiro Reich, adaptando-a ao objetivo do encenador, que passava por fazer algo relacionado com a guerra e o genocídio, temas muito atuais. Neste espetáculo, foram intencionalmente retiradas do texto original algumas expressões estritamente ligadas à Alemanha dos anos 30, por forma a que o público se possa abstrair dessa realidade e identificar as várias cenas representadas com outros tempos, outras geografias e outras vivências.


Se te pedir uma sinopse, o que me dirias?

Esta peça fala-nos de tempos sombrios em que a guerra espreita, em que a repressão faz desconfiar dos que estão ao nosso lado, dos limites que nos impomos e que nos são impostos.


Que temas poderemos ver refletidos em palco?

A guerra, a repressão, a miséria, a solidariedade, a amizade, a prepotência; a subserviência, a coragem. Mas no meio de toda a desgraça Bertolt Brecht consegue fazer-nos sorrir e mesmo rir, expondo o ridículo das situações e o absurdo das contradições.


O que torna Brecht tão atual nos tempos que correm?

Brecht aborda temas que gostaríamos que estivessem no passado, mas que nos entram pelos olhos através dos ecrãs das televisões ou dos smartphones. Guerra e genocídio. Racismo e xenofobia. Agitação e propaganda. Poder e demagogia.


Como está a correr o trabalho com o encenador Nuno Nunes?

O trabalho com o Nuno Nunes está a correr muito bem. Aliás, superou todas as nossas expectativas. Para além de ser um excelente profissional, é um ser humano extraordinário, com princípios e valores, sem egos nem maneirismos, compreensivo, pedagógico, empático, autêntico. Entregou-se ao Grupo e a este projeto de forma genuína e apaixonada, tratando-nos com respeito e urbanidade, mas não deixando de exigir o máximo como se fôssemos autênticos profissionais.


O que podemos esperar do GAC nos próximos tempos?

Podemos esperar trabalho, sentido de compromisso e de responsabilidade por quem ama o Teatro de forma desinteressada e apaixonada. O GAC vai querer sair em digressão com o seu atual espetáculo, como tem vindo a fazer desde 2018, bem como preparar-se para apresentar um novo espetáculo no próximo ano de 2025. Queremos ter a oportunidade de fazer chegar o nosso trabalho a mais pessoas e a diferentes sítios do país, não nos cingirmos à cidade de Lisboa. Sempre que saímos em digressão, fortalecemos e travamos novas amizades, e aprendemos muito com quem nos recebe, adquirindo novas experiências.


Qual deve ser o papel da arte num mundo cada vez mais complicado?

A arte pode querer reproduzir, retratar, relembrar, entreter ou querer provocar o espectador, abaná-lo, inquietá-lo um pouco. O espetador pode querer ser apenas um consumidor passivo ou gostar desse desafio de se confrontar com algo que o não o deixa indiferente.

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