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Tomás Seruca Bravo tem SÊDE

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COFFEEPASTE
4 de Abril de 2024

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Tomás Seruca Bravo tem SÊDE

Hoje conversamos com o ator e fundador da SÊDE, Tomás Seruca Bravo, sobre o seu percurso e o da sua estrutura, e também sobre o espetáculo “A CÉU ABERTO”, em cena no CAL até 7 de abril de 2024.


Fala-nos do teu percurso artístico

Como a maior parte dos atores, comecei a fazer teatro amador em vários grupos e tanto quanto podia. Mais tarde, licenciei-me em Interpretação na ESMAE (que teve um papel fulcral no meu percurso e que, por isso, aconselho vivamente) e fui trabalhando ao longo destes anos com companhias locais, internacionais e criando os meus próprios projetos, sendo que este ano decidi lançar a minha própria companhia de teatro, SÊDE. Estou também a frequentar o Mestrado em Encenação na ESTC. O meu percurso centra-se maioritariamente na área do Teatro, que é sempre onde me sinto em casa e onde encontro sempre respostas ao porquê de continuar a trabalhar nesta área.

 

Quais as origens e missão da companhia SÊDE?

A SÊDE surge como uma vontade própria de criação mas também como uma resposta ao que mais me emociona no teatro: ver artistas com sede. Sinto cada vez mais que, com o avançar do tempo, vamos pessoalizando o trabalho do ator na medida em que abandonamos paulatinamente o conceito de personagem e de narrativa e quase que chega sermos nós próprios em cena, apoiados num naturalismo do dia-a-dia. Não menosprezando nenhuma corrente artística, sentia falta de ver atores e criadores vivos em cena, a “respirar” para cima do público, a comunicarem através de uma estória. Com um mundo cada vez mais tecnológico e com o crescente avanço da inteligência artificial, parece-me que o teatro tem o papel de ser um lugar onde pessoas se encontram para se relacionarem ativamente umas com as outras, de uma forma viva, enérgica e humana.

 

Como surge o espetáculo "A CÉU ABERTO"?

“A CÉU ABERTO” surge com uma inquietação pessoal devido ao aumento do número de pessoas em situação de sem-abrigo na cidade do Porto. Esta problemática social tem várias frentes, sendo que o facto de o contacto real entre uma pessoa que tem casa e outra que não tem ser quase nulo (disfarçado com um “não tenho” ou “estou cheio de pressa, tenho que ir") era algo que via e experienciava diariamente; este “abismo” que imaginamos existir e que dá carta verde para ignorarmos completamente a pessoa que está ao nosso lado. Dessa forma, esta peça tem apenas como vontade própria tentar desconstruir esta separação imaginária e de questionar o próprio sistema onde estamos inseridos que, aliado com a nossa própria perceção, perpetua um afastamento da nossa capacidade de nos relacionarmos de uma forma humana.

 

Como farias a sinopse da peça?

Esta peça fala de dois jovens que decidem criar uma tour de pessoas em situação de sem-abrigo da sua cidade, como forma de lhes dar voz e de os recompensar no final: a história mais votada pelos turistas ganha direito à habitação. Assim, o espetáculo balança-se na relação entre estes dois amigos e na própria tour que eles criaram, a “Tour da Compaixão”, onde assistimos a vários quadros de um mundo que tem semelhanças com o real, mas que não nos deixa de parecer absurdo. Acompanhamos estes jovens na sua tentativa de combater esta problemática social, sendo que talvez eles próprios contribuam para a sua perpetuação.

 

Fala–nos da pesquisa feita para esta criação

A pesquisa para esta criação foi levada a cabo pela dramaturga Alexandra Moreira, que em conjunto com a associação SABER COMPREENDER desenhou um projeto de investigação com o objetivo final da construção do texto dramático. Foram realizadas várias atividades com pessoas que já estiveram em situação de sem-abrigo, como entrevistas, atividades de grupo, derivas à cidade, entre outras, que contribuíram para um maior conhecimento do tema e culminaram na escrita deste texto. É de realçar a sua inteligência e sagacidade ao escrever sobre um tema tão complexo e conseguir criar uma peça que fala não apenas sobre o tema em questão, mas do nosso olhar distante sobre o mesmo.

 

O que destacas do processo criativo e da proposta de encenação?

Uma vez que estou como ator na peça, a encenação foi entregue ao Marcelo Lazzarato, ator e encenador brasileiro, que teve a tarefa difícil de coordenar toda uma equipa repleta de vontades e urgências, mas também com a jovialidade e ingenuidade próprias de quem está a começar um percurso artístico. Com a sua experiência e sensibilidade, “A CÉU ABERTO” ganhou forma e posso dizer que estamos todos muito orgulhosos de poder apresentar este espetáculo.


O processo criativo foi desenhado sempre com o intuito de criar um espetáculo dinâmico, em que conseguíssemos criar esta ideia de viagem-tour assente no jogo dos intérpretes e com uma estética onírica característica de um não lugar, que, no fundo significa todos os lugares onde nos deparamos com pessoas nesta situação.

 

Fala-nos do papel que a arte pode ter para alertar para problemas sociais

A arte terá sempre o papel de, não só alertar para os problemas sociais mas também de os questionar usando diferentes perspetivas, sem os moralizar. É sempre esta a tarefa difícil: como abordar o tema de uma forma que traga algo de novo para o debate e não apenas para nos emocionar ou mexer com o nosso lado mais sentimental. Para mim, a conjugação destas duas componentes pode ter efeitos bastante positivos e criar pontes de empatia, que, no fundo, parece-me ser um papel fundamental do Teatro e da arte em geral.

 

O que se segue para a SÊDE?

A SÊDE tem o desejo de continuar a apresentar este espetáculo a outras cidades que não apenas Porto e Lisboa e terá um novo espetáculo a estrear em Junho no Porto. Em tempos de mudança, é difícil planear a longo prazo, mas tenho o objetivo de manter a companhia ativa porque ideias não me faltam.

 

Como olhas para o teatro feito em Portugal atualmente?

Olho com um sorriso nos lábios por ver tanta diversidade e vontade artística. Sinto que temos sempre o desafio de uma educação para a cultura e de criarmos novos públicos, que passa também por criar objetos artísticos que ressoem nas plateias e que de facto tenham algo a dizer e um porquê de estarem ali. Como existem tão poucos espaços relativamente ao número de criadores existentes, penso ser nossa responsabilidade refletirmos bastante sobre o porquê de estarmos a criar um espetáculo e de que forma é que ele pode ou não contribuir e ser pertinente para as pessoas que o vêm ver. Se esse pensamento ocorrer regularmente, acredito vivamente que ir ao teatro ganhará uma nova força como hábito cultural das pessoas.

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