Ivan Lins é um dos músicos brasileiros mais conhecidos internacionalmente, sendo o artista brasileiro vivo mais gravado no estrangeiro. Numa altura em que tem dois concertos marcados em Portugal (17 de Maio no Porto e 18 Maio em Lisboa), conversámos com ele sobre a sua carreira, sobre os concertos, e sobre a presença cultural portuguesa no Brasil.
Quais as suas principais influências musicais? São inúmeras. Mas citaria, por exemplo,Tom Jobim, Milton Nascimento, Michel Legrand, Dori Caymmi, Edu Lobo, Henry Mancini, etc
É o artista brasileiro vivo mais gravado no estrangeiro, e por grandes nomes da música. Como é ouvir o seu trabalho noutras vozes?É gratificante. Como, em primeiro lugar, sou compositor, faço música para os outros cantarem. Quando cantam, é porque gostam do que faço.E isso me faz um bem enorme.
Já recebeu 5 Grammys. Qual a importância que dá aos prémios?Não sou muito afeito a prémios. Mas tenho que admitir que se ganhei algum, de alguma coisa serviu a minha música.
Com tantos sucessos gravados, há algum de que não abdicaria?Sou apaixonado por minha obra. Sou mesmo. Adoro o que faço. Portanto fica difícil escolher uma.
Tem escrito muito para cinema e televisão. Há diferenças na composição para estes meios audiovisuais?Claro que há. Para filmes, você coloca a música ao serviço da imagem, do texto que, por acaso esteja sendo dito, do momento da história. Em cinema, você não pode ter vaidade nenhuma. Você tem de se despir de suas influências mais marcantes, para entrar dentro de um outro universo, que é do enredo, da trama, das imagens, da atmosfera. E,a partir daí, colocar apenas a sua musicalidade a serviço do que estás vendo/sentindo.
O que podemos esperar dos concertos que vai dar no Porto e em Lisboa?Muita música bonita, com certeza.Belos textos nas canções, lindas vozes convidadas,músicos de excelência.
Como caracteriza o publico português?Muito atento e caloroso.
Como vê a presença cultural portuguesa no Brasil?As manifestações culturais portuguesas estão crescendo no Brasil, principalmente a música, claro. Isso se deve muito à divulgação que é feita por brasileiros que atuam por aqui, onde me incluo, pela tendência internacionalizante da música portuguesa em geral, mas principalmente do fado; a redescoberta do fado pelas novas gerações, colocando dados e sonoridades novas. Graças a Deus,aquela baixa estima portuguesa, vinda dos tempos de Salazar, desapareceu. Apesar da crise vigente, existe um movimento positivo, vindo das novas gerações, que devolvem a motivação de se produzir música boa, com altas perspectivas de atingir outros mercados. Rezo para que isso realmente não pare. A música portuguesa é rica e bonita, e merece muito mais.