Morreu Maria Teresa Horta, a última das "Três Marias", aos 87 anos

A escritora Maria Teresa Horta, figura incontornável da literatura portuguesa e a última sobrevivente do trio conhecido como "As Três Marias", faleceu hoje, aos 87 anos, em Lisboa. A notícia foi confirmada pela editora Dom Quixote, que lamentou "uma perda de dimensões incalculáveis para a literatura portuguesa, para a poesia, o jornalismo e o feminismo".

Maria Teresa Horta destacou-se pela sua produção literária, em particular na poesia, e pelo seu ativismo na defesa dos direitos das mulheres e da liberdade de expressão, valores que pautaram a sua carreira e vida pessoal. No comunicado enviado à agência Lusa, a Dom Quixote enalteceu o legado da escritora, recordando-a como "uma das personalidades mais notáveis e admiráveis do Portugal contemporâneo", cuja obra "ficará para sempre na memória de várias gerações de leitores".

Nascida em 1937, Maria Teresa Horta foi uma das autoras do emblemático livro Novas Cartas Portuguesas, publicado em 1972 em coautoria com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. A obra, que denunciava a repressão e a opressão feminina durante a ditadura salazarista, foi censurada pelo regime e levou ao julgamento das três escritoras, num caso que ganhou repercussão internacional.

Para além da sua vasta obra poética e da intervenção no jornalismo, Maria Teresa Horta recebeu vários prémios e distinções ao longo da vida. Em dezembro, foi incluída na lista das 100 mulheres mais influentes e inspiradoras do mundo, elaborada pela BBC, que reconheceu a sua contribuição para a cultura e os direitos das mulheres.

A sua morte representa o desaparecimento de uma voz fundamental da literatura portuguesa e do feminismo, deixando um legado que continuará a inspirar futuras gerações.

Foto: © Gonçalo Villaverde