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Nascido em 1912 na Hungria, Nicolas Schöffer, é pioneiro da nova arte de base tecnológica que começa a emergir a partir do pós-guerra, período marcado por uma acelerada transformação nas sociedades ocidentais, com a automação e popularização das novas tecnologias. Schöffer destaca-se no contexto da chamada arte cinética.
Acrescentando, aos efeitos óticos, movimento real em obras complexas que se moviam, alteravam e interagiam com o público, criando uma experiência dinâmica e envolvente. A obra torna-se então um sistema vivo, onde a presença do público passa a ser essencial para a sua própria realização.
CYSP, 1956
A sua arte cinética desafia deste modo a ideia tradicional de que a arte era um objeto estático.
Além disso, a obra de Schöffer abre o debate sobre a natureza da criatividade e a relação entre humano e máquina. Com a ascensão da cibernética e da automação, questões sobre a identidade, a autoria e o papel do ser humano na produção artística tornam-se centrais. A arte passa a ser vista não apenas como uma forma de expressão pessoal, mas como um campo de experimentação que pode refletir e até antecipar mudanças culturais profundas.
Schöffer ajudou a abrir caminho para uma nova era em que a tecnologia não é apenas uma ferramenta, mas uma parte integrante do discurso artístico, moldando a maneira como entendemos e experienciamos a arte no mundo contemporâneo. Essa transformação continua a fazer o seu caminho, pois a arte de base tecnológica evolui, explorando novas fronteiras e possibilitando novas formas de interação e reflexão sobre a criatividade.
A partir de 1956 Nicolas Schöffer desenvolve o projeto "CYSP" (Cybernetic Spatiodynamic). "CYSP" é uma instalação cibernética que utiliza sensores, luzes, projetores e sistemas de som, criando um ambiente imersivo onde a perceção do espaço é alterada. Tendo por base um conjunto de painéis robotizados projeta imagens e luzes ativados pela presença e pelos movimentos do público. Os sensores instalados detetam a presença dos visitantes, permitindo que a obra reaja em tempo real, alterando as cores, padrões e sons de acordo com a dinâmica do ambiente circundante.
Uma característica marcante do "CYSP" é a sua natureza cinética, onde a obra parece ganhar vida própria. As respostas visuais e sonoras criam uma atmosfera que provoca um diálogo constante entre a instalação e os espectadores, desafiando a ideia de que a arte é um objeto estático, isolado e indiferente ao que o rodeia. Essa interatividade, precursora da robótica aplicada à are, transforma o ato de observar num envolvimento ativo, fazendo com que cada observação seja única e personalizada.
Além da experiência sensorial, "CYSP" aborda questões profundas sobre a relação entre o ser humano e a tecnologia. Schöffer explorou a ideia de que, à medida que a tecnologia se torna uma parte integral das nossas vidas, a arte também deve evoluir para refletir essa nova realidade. As suas obras sugerem uma nova forma de comunicação e interação, questionando o que significa ser humano num mundo cada vez mais mediado pela tecnologia.
"CYSP" insere-se no contexto mais amplo da arte cinética e da cibernética, movimentos que desafiaram as normas tradicionais da arte e introduziram novas formas de experiência estética. Nesse sentido, Schöffer influenciou gerações de artistas, estando na origem da interseção entre arte, ciência e tecnologia.
De salientar que na apresentação destas obras cinéticas, cibernéticas e futuristas Nicolas Schöffer incorporou frequentemente bailarinos e dança para enfatizar a interatividade e a dinâmica das suas obras. Ele via a dança como uma forma de expressão que podia dialogar com os elementos cinéticos das suas instalações, criando uma experiência ainda mais imersiva. A presença de bailarinos permitia que o espaço se tornasse num palco vivo, onde a interação entre o movimento humano e as respostas tecnológicas gerava um novo tipo de performance artística.
Schöffer acreditava que a arte devia ser uma experiência integral que unisse diferentes formas de expressão. Ao trazer a dança para o contexto das suas obras, procurava ilustrar a sinergia entre o corpo humano e a tecnologia, sugerindo que ambos podiam coexistir e interagir de maneira criativa. Essa relação refletia a sua visão de um futuro onde a arte, a tecnologia e a performance se entrelaçam, criando novas possibilidades de comunicação e experiência.
Uma das suas declarações sublinha essa ideia: Schöffer disse que queria "criar uma nova arte que fosse uma extensão da experiência humana, que integre o movimento, a luz e o som num único evento".
A cada dia 1 do mês, publicamos um texto de Leonel Moura sobre um artista das artes visuais que o autor considera ser dos mais inovadores do século 20, mas praticamente desconhecidos, não só do grande público, como do próprio meio artístico.
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