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- composições(1) de Nelson Guerreiro
“Tema Livre” é o título deste texto inaugural, mas também o será da secção, apartado, alojamento (des-)local(-izado) num recanto do Coffeepaste. Vou chamar-lhes, por agora, composições pela liberdade, desancoragem e desamarração que me permitem, sendo a primeira vez que vou usar esta expressão de forma empática: vou habitar a minha “zona de conforto” como augúrio e certificado de total liberdade, porquanto vou-me permitir a tudo.
No próximo mês, pode ser sobre uma pessoa viva ou morta, mas também sobre uma pessoa inventada ou autoficcionada. No mês logo a seguir pode ser sobre uma história de amor ou de desamor humana, animal, vegetal, mineral, celeste e até espacial. E no mês seguinte, pode ser sobre uma conversa ouvida, imaginada ou até uma conversa participada ou até sobre um sonho ou até mesmo sobre um devaneio (se há coisa que gosto é de sonhar acordado), um desejo recôndito, mas sempre sem me aproveitar para acertar contas ou para minimizar alguém. Se o fizer, denunciem-me ou confrontem-me, mas sem cancelamentos, por favor!
Nos meses seguintes, pode ser sobre uma fotografia, um postal, mas também poderá ser sobre uma obra literária: um romance, uma novela, uma antologia poética, mas também sobre uma obra de não-ficção: um ensaio, compilação de crónicas (tão em voga), uma teoria, um conceito, uma pessoa marcante nas áreas da Filosofia, Estética, Sociologia, Antropologia, Arte da Performance, Inteligência Artificial, Estudos Queer, etc., um espectáculo, uma exposição, um livro, uma revista, uma fanzine, um livro-de-artista, um filme, uma série, uma canção, um disco, um vídeoclip, uma telenovela, um programa de entretenimento, uma notícia, uma reportagem, um talk-show, uma conferência, uma conferência-performance, um debate, uma mesa-redonda, uma aula-aberta, um post, um reel…
É provável que num mês incógnito que se avizinha no nosso calendário de 2025, possa escrever a partir de expressões e devanear sobre elas como, por exemplo: “coração de manteiga”; “ir longe demais”; “sopa de letras”, “escuta n’ouves”; “bateria social”; “jeopardise”, “yupamá” e até sobre uma palavra nova que não sei o significado ou até a partir de uma palavra já ouvida inúmeras vezes. Da mesma maneira, que pode ser sobre uma aldeia, uma vila, uma cidade, o eixo norte-sul ou o eixo este-oeste, a faixa litoral e o corredor interior, as estradas nacionais e as auto-estradas, uma rua, um lugar, um lugarejo, uma esquina, uma localidade, uma freguesia, um concelho, uma região, um país, um continente, o Planeta Terra, o Universo. A reboque, poderei escrever sobre uma viagem ou sobre a Viagem, o Turismo, os Tempos Livres e o Lazer e, se me aprouver, sobre um fim-de-semana prolongado ideal, por experiência própria ou imaginada.
Doravante, também poderei versar sobre uma peça de roupa, uma marca de roupa, uma estilista, um perfume, um nariz, uma loja: mercearia, sapataria e até de reparações. Estou convicto que será chegada a hora de escrever sobre uma tasca, um restaurante, uma pastelaria ou até sobre uma empresa familiar, municipal, nacional, pública e privada ou até sobre sobre uma emoção ou até sobre a dissonância cognitiva ou até sobre a positividade tóxica ou até sobre produtos do passado, como os Águia, Kentucky, Provisórios e Definitivos. E tão só sobre uma música. E até escrever a partir de uma miscelânea de frases entrecortadas a meu bel-prazer de uma obra-prima: “(...) Mas, em deslúa, no escuro feito, é um escurão que pêia e péga. É noite de muito volume. (...) O senhor… mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão.” (2)
Nelson Guerreiro
(escreve em desacordo ortográfico)
(1) Importa chamar à atenção para o uso polissémico da palavra “COMPOSIÇÃO” no plural que remete precisamente para, pelo menos, estes dois sentidos: 1. Produção intelectual, literária, artística ou científica; 2. Exercício escolar em que se deve escrever sobre um assunto proposto = redacção.
(2) ROSA, João Guimarães, “Grande Sertão: Veredas”, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2015, p. 31.
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