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Crítica

Academia do Desejar: Como desejar ainda? Arte e Transição Ecológica
4 de Outubro de 2024

Por


Desejar - Movimento de Artes e Lugares Comuns

Academia do Desejar: Como desejar ainda? Arte e Transição Ecológica

Tipo

Formação

Disciplinas

Cruzamentos disciplinares

localidade

Braga

Morada

Ludoteca, Parque da Ponte – Braga

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Como desejar ainda, num mundo hipersaturado de ecologias em colapso?

Vivemos hoje o desejo de progresso dos nossos antepassados modernistas – o desejo de quem nos antecedeu, portanto. Hipernormalizou-se um entendimento cartesiano do mundo, mediante o qual a cultura detém agência absoluta sobre a natureza e a humanidade impera, na convicção que tornar mais do mundo disponível, atingível e acessível configura a boa vida.

A crise climática e ecológica apresentam, contudo, uma dissonância concreta a esta concepção antropocêntrica: não estamos livres das nossas circunstâncias materiais. Os desequilíbrios impostos ao Sistema Planetário da Terra pairam como um “hiperobjecto” (Morton 2013) e antecipam o colapso – um novo fim que antecede outros devires. O que nos inibe, psicológica e culturalmente, de enfrentar as crises multidimensionais que a emergência climática traz à nossa perpepção?

Com base no estudo “Prospecting Otherwise: stirring culture’s role in tackling the climate emergency”, questiono-me: pode a experiência artística gerar outros modos de conhecimento e construção de sentido face ao colapso? Que papel lhe cumpre numa mudança radical de paradigmas culturais que permita perspectivar outro devir, desenhando novas orientações e éticas “ecocêntricas” alternativas?

Diz-nos o filósofo Báyò Akómoláfé numa palestra recente: “A ética é o mundo no seu devir erótico, o mundo à procura, ofegante, orgásmico, constantemente a tornar-se ele próprio de uma forma aberta; é como as coisas se materializam, num universo processual, em fluxo.” É imperativo procurar outras éticas de relação com o mundo, que assumam a interdependência e a ontologia impermanente das coisas, abrindo espaço para a emergência de novas relações de reciprocidade – modos de operar ecológicos.

Proponho-me experimentar convosco, em dois dias (que num entendimento não linear do tempo podem até configurar uma vida), outras práticas ecológicas e estéticas de relação e apreensão sensível, ou quiçá sensitiva. Esta formação exploratória desenvolver-se-á em quatro movimentos:

Sintonização: práticas contemplativas/criação de um clima de atenção
Ficar-com: conceitos fundacionais e discussão
Sentir-pensar: práticas de incorporação de sentido
Perspectivar outro devir: pensar e operar em coletivo
Mover-nos-emos, a passos incertos, pelo lodo, por caminhos íngremes e perigosos – assumindo a possibilidade da queda, ou do erro, como acto generativo e político – mas deixaremos também escorregar o corpo para lagoas tépidas e cristinalinas, abandonando-nos ao prazer de simplesmente estar em presença. Não antevemos o que desejar. Sabemos, no entanto, que fazer emergir o desejo – condição para a constituição de mundos – implica deixar para trás uma ideia afirmativa do destino e antes acolher, em conjunto, o inesperado.

ATIVADORA:

Clara Mealha Antunes (n. Lisboa, 1988)

Gestora cultural, licenciada em Arquitectura (FA-UTL), pós-graduada em Programação e Gestão Cultural (Universidade Lusófona) e Mestre em Estudos Culturais (FCH-UCP), cuja área de interesse e investigação trata o papel da cultura e da experiência artística na mudança de paradigmas culturais face à crise ecológica e climática. Tem vindo a trabalhar na produção, assistência à programação artística com as comunidades, comunicação e gestão de projectos culturais com várias estruturas e artistas independentes desde 2010, entre eles: Vo’Arte; Jonas&Lander; Materiais Diversos; Madalena Victorino e Giacomo Scalisi (Festival TODOS, Lavrar o Mar, etc.); Rua das Gaivotas 6/Teatro Praga; Ponte 9 Plataforma Criativa/Open House Macau; Formiga Atómica, entre outros. Assume, desde 2021, gestão do projecto europeu “Stronger Peripheries: A Southern Coalition”, na Artemrede. Co-criou, em conjunto com o coreógrafo Ricardo Machado, a palestra performativa sobre alterações climáticas Take a Stand (2019-).

A Academia do Desejar: Rodas de Conhecimentos é um dos eixos do projeto Desejar – Movimento de Artes e Lugares Comuns. Pretende gerar trocas de conhecimentos entre e com diferentes agentes culturais, sociais, educativos e ambientais de Braga, bem como pessoas ligadas a áreas e temáticas identificadas como relevantes por estes agentes, que serão convidadas a participar nesta Academia.

Data de realização

5 de Outubro – 10h às 19h

6 de Outubro – 10h às 13h

Preço

Gratuito

Contactos

desejar2025@gmail.com

Data limite de Candidatura

5 de Outubro de 2024

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