Next Step é uma iniciativa de intercâmbio lançada pelo T Theater, em Macau, em colaboração e parceria com a Parasita. Dedica-se a incentivar e apoiar práticas performativas experimentais de artistas residentes na China, através de uma plataforma para a partilha e a investigação.
Durante uma semana de residência no Espaço Parasita, em Lisboa, três artistas de Macau, Cantão e Pequim — Wu Hui, Hio Mei, Lin Yixing — partilham o estúdio com outros artistas convidados, oferecem um workshop e uma partilha pública da sua pesquisa e processo à comunidade.
WORKSHOPS
29 de janeiro (quarta-feira), 10—13h, Espaço Parasita
Movimento de Crescimento
Wu Hui
As plantas, como forma de vida distinta, desenvolveram estratégias de sobrevivência únicas que lhes permite estabelecer redes sociais e políticas complexas. Este workshop inspira-se na técnica de fotografia em time-lapse de documentários sobre plantas para investigar o movimento através da lente da morfologia vegetal. Introduz a noção de movimento distal — uma prática que incorpora os princípios da teoria do rizoma referindo-se à perceção corporal multidirecional e ao movimento como um todo e/ou coletivo.
Integração | Fusão
Hio Mei
A prática de Mei envolve um conhecimento aprofundado de danças tradicionais asiáticas, através das quais procura elaborar uma relação expressiva consigo mesma. Esta partilha, procurará articular elementos tradicionais e contemporâneos na criação de uma linguagem de dança e de um corpo personalizado.
A Textura das Memórias
LIN Yixing
Os nossos corpos nascem no mundo, respirando em sincronia com as marés do universo. Desde o momento em que abrimos os olhos ao nascer, ou mesmo enquanto ainda estamos no útero, as memórias começam a espalhar-se por nós como as raízes de uma planta ou os esporos dos cogumelos, entrelaçando-se com a nossa carne e sangue. Esta oficina é uma experiência de reconstituição e descoberta de “cristais” dentro da floresta da memória. Os participantes realizarão exercícios corporais e práticas multimédia, como a pintura, para evocar percepções físicas e mentais relacionadas com a experiência pessoal.
PARTILHAS PÚBLICAS
1 de fevereiro (sábado), 19h, Espaço Parasita
Nascer-se | To Be Born
Wu Hui
Num mundo que prioriza incessantemente o conceito de “eu”, a individualidade torna-se muitas vezes sufocante. Contrariamente, na natureza, o crescimento é descentralizado, diverso e dinâmico. Representa um processo contínuo de evolução, um desejo de resultados que permanecem em constante desenvolvimento — um continuum de chegadas e chegadas ainda por vir. Esta pesquisa procura repensar os limites da individualidade, do crescimento e da interligação, propondo uma lente ecológica para examinar a interação fluida e dinâmica da existência.
Mais uma vez | One More Time
Hio Mei
“Mais uma vez” é uma expressão muito utilizada em ensaios de dança para treino ou criação, que expressa uma ideia de repetição, repetindo o que foi feito no passado para tentar analisar se é apropriado, para ajudar a encontrar o material ou a expressão certa. Por detrás desta repetição, há uma espécie de proteção do presente, um sorvedouro de criatividade. Como podemos dar mais possibilidades e imaginação às dança que acontecem repetidamente no teatro? “Mais uma vez” tenta pensar uma “reexpressão” do presente.
Os Fósseis Sangrentos | The Bloody Fossils
Lin Yixing
As memórias e as dores do passado entrelaçam-se, solidificando-se como “pedras” tangíveis e intangíveis, escondidas profundamente no interior do corpo. O corpo segue uma progressão linear de nascimento, crescimento, envelhecimento e morte, mas estas memórias dentro do corpo não desaparecem. Manifestam-se mesmo depois de o corpo morrer, como fantasmas, vagueando por espaços invisíveis a olho nu. No meio da realidade em rápida mudança em que vivemos, que memórias estamos a formar e que vestígios estamos a deixar para trás? “Os Fósseis Sangrentos“ é um memorial vivo às vidas que já passaram e às que continuam a existir dentro do longo fluxo da história.