Academia Portuguesa de Cinema propõe criação de observatório para preservar património cultural de Lisboa

A Academia Portuguesa de Cinema propôs hoje a criação de um observatório dedicado ao edificado cultural de Lisboa, com o objetivo de encontrar soluções e alertar para situações de desvalorização de património, como o caso do antigo Cinema Império. A iniciativa foi bem acolhida pela Câmara Municipal de Lisboa, revelou Paulo Trancoso, presidente da Academia.

“Propusemos e aceitaram a ideia, foi bem recebida pela câmara, de criar um observatório como uma forma de vigilância, para encontrar soluções e chamar a atenção para espaços culturais na cidade”, afirmou Paulo Trancoso após uma reunião com o presidente da autarquia, Carlos Moedas, e a vereadora do Urbanismo, Joana Almeida.

A ideia é que o observatório reúna representantes de várias entidades culturais e funcione em estreita colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa, sublinhou Trancoso.

Entre os exemplos destacados pelo presidente da Academia estão o Salão Lisboa, uma das primeiras salas de cinema da capital, e o Animatógrafo do Rossio, cuja fachada Arte Nova é considerada emblemática. Ambos os espaços, segundo Trancoso, merecem ser preservados e valorizados como património cultural.

A proposta surge num contexto de polémica em torno do projeto de alteração do antigo Cinema Império, atualmente utilizado como local de culto pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Na quarta-feira, a câmara aprovou uma retificação da decisão tomada a 4 de dezembro, mantendo a aprovação condicionada da ampliação pretendida pela IURD, mas recuando na autorização para alterar o uso cultural do imóvel para uso religioso.

Esta controvérsia motivou uma forte reação da comunidade cultural e de defesa do património. A Academia Portuguesa de Cinema lançou uma petição pública, que já reuniu mais de 13 mil assinaturas, apelando à proteção da memória do Cinema Império e à sua manutenção como espaço cultural. A petição foi enviada à Assembleia da República, reforçando a posição contra a desvalorização do histórico edifício inaugurado em 1952 e encerrado como sala de cinema em 1983.

A associação Fórum Cidadania LX também questionou formalmente a câmara e a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, sobre a legalidade e as consequências da decisão inicial.

Com a criação do observatório, a Academia espera assegurar que casos semelhantes sejam evitados e que o património cultural de Lisboa seja preservado para as gerações futuras.

Foto: Animatógrafo do Rossio, Lisboa © Wikipedia