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Akira Kanayama, nascido em Osaka em 1924 foi um artista japonês, membro fundador da Associação de Arte Gutai, um dos movimentos de vanguarda mais significativos do pós-guerra no Japão. Criado em 1954, Gutai ficou conhecido por desafiar as convenções artísticas explorando novas formas de expressão, sobretudo na combinação da arte performativa com a pintura abstrata e na experimentação pioneira com inusitados objetos e ambiente.
Antes de se juntar ao Gutai, Kanayama fundou, em1952, o Zero-kai (Grupo Zero) juntamente com outros artistas como Kazuo Shiraga e Saburo Murakami. O nome “Zero” foi escolhido para simbolizar um começo ou uma busca por um novo tipo de arte. Esta ideia, do partir do zero, está muito presente em muitos movimentos artísticos do século 20, sobretudo no Ocidente, mas neste caso igualmente no Japão.
Durante este período, Kanayama desenvolveu pinturas minimalistas, muitas vezes baseadas na estética Zen e na caligrafia japonesa, que exploravam o espaço vazio e o jogo de contrastes entre elementos positivos e negativos.
Kanayama
Mas, foi no movimento Gutai que Kanayama desempenhou um papel realmente importante. Esteve envolvido nas suas primeiras exposições e performances radicais, que muitas vezes desafiavam o público sobre o que era arte. Ficou particularmente conhecido por utilizar objetos mecânicos e tecnológicos de maneiras criativas inesperadas. Um exemplo notável do seu trabalho é a série de "Pinturas Automáticas", em que utilizava carros de brinquedo controlados remotamente para criar composições abstratas. Akira Kanayama foi um dos pioneiros na utilização da tecnologia robótica na criação de arte, algo extremamente inovador para a época e bastante mais avançado do que o expressionismo abstrato em voga. No contexto destas experiências artísticas, desenvolveu um método revolucionário para fazer pinturas, utilizando dispositivos mecânicos e pequenos robôs controlados remotamente.
A ideia era que o movimento aleatório e programado desses dispositivos criasse marcas abstratas na tela, resultando em obras de arte que eram parcialmente controladas e parcialmente deixadas ao acaso. Este processo introduziu uma nova dimensão na pintura, em que o artista cede o controlo ao mecanismo, tornando o próprio processo mecânico um coautor da obra.
Kanayama
Esta técnica não só antecipava preocupações contemporâneas sobre a automação e o papel da inteligência artificial na arte, mas era também uma crítica implícita ao expressionismo abstrato, que enfatizava a importância do gesto humano e a intencionalidade do artista. Em vez de um artista expressar diretamente as suas emoções através de pinceladas intensas, Kanayama permitia que a máquina executasse o trabalho, desafiando o conceito de autenticidade na pintura gestual.
A inovação de Akira Kanayama com robótica e dispositivos mecânicos continua a ser relevante na discussão sobre arte e tecnologia, mostrando como a tecnologia pode servir não apenas como uma ferramenta, mas também como uma parte integrante do processo criativo. Este trabalho colocou Kanayama na vanguarda de uma abordagem que seria expandida por artistas de gerações seguintes, especialmente aqueles envolvidos com arte cinética, arte digital e arte robótica.
Outro projeto marcante é a obra “Ashiato (Pegadas)” de 1956. Nesta instalação, criou uma obra de grande escala ao estender uma folha de vinil de 100 metros com marcas de pegadas humanas. A obra foi disposta num parque, criando um caminho que encorajava o público a interagir diretamente com a peça e o ambiente. “Ashiato” exemplifica uma das características da arte Gutai, através da interação entre o corpo humano e o espaço, transformando o ato de caminhar num gesto artístico.
Kanayama e Tanaka
A partir de 1965, Akira Kanayama e a artista Atsuko Tanaka, outra figura central do Gutai, deixaram o grupo. O casal, que se casou no mesmo ano, continuou a trabalhar em projetos artísticos de forma independente. Kanayama e Tanaka continuaram a explorar conceitos científicos na sua arte, incorporando luz, música e astronomia. Este interesse reflete uma tentativa de combinar arte e ciência, algo alinhado com as explorações tecnológicas iniciais no Gutai.
Akira Kanayama é certamente um dos artistas mais inovadores do século 20.
A cada dia 1 do mês, publicamos um texto de Leonel Moura sobre um artista das artes visuais que o autor considera ser dos mais inovadores do século 20, mas praticamente desconhecidos, não só do grande público, como do próprio meio artístico.
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