Festival Literário Lisboa 5L regressa com foco na democracia e na inteligência artificial

O festival literário Lisboa 5L regressa à capital entre os dias 9 e 11 de maio, com uma programação ambiciosa e virada para os grandes temas do presente: as ameaças às democracias e os desafios colocados pela inteligência artificial. Entre os convidados de destaque estão os escritores Amin Maalouf, Paul Lynch e Juan Villoro, que se juntam a dezenas de outros nomes da literatura, ciência e artes para três dias intensos de reflexão e celebração da palavra.

A edição deste ano marca uma estreia: o evento decorrerá no Beato Innovation District, que acolherá um programa eclético organizado pela Rede de Bibliotecas de Lisboa. A proposta passa por explorar o diálogo entre a língua, a literatura e a inovação tecnológica, procurando respostas para as novas questões que se levantam à comunicação, à escrita e ao pensamento crítico em tempos de aceleração digital.

O arranque oficial acontece a 9 de maio, mas já a 5 de maio o festival se antecipa com um programa educativo dedicado ao Dia Mundial da Língua Portuguesa, na Biblioteca Palácio Galveias.

Logo no primeiro dia, a norte-americana Tracie Hall, reconhecida defensora da liberdade de expressão, abrirá o festival com a palestra “Desinformação, censura de livros e o fim da democracia”. A sua intervenção promete uma análise profunda sobre como a manipulação informativa e a limitação ao acesso à leitura estão a afetar a saúde das democracias em todo o mundo.

Seguir-se-á um debate sobre inteligência artificial na escrita e educação, com a participação de especialistas como Patrícia Anzini, Beatriz Santana e Inês Anta de Barros, moderado por Jorge Amorim. A noite termina com o espetáculo multimédia “São feitas de palavras as palavras”, seguido de um DJ set da Associação Rimas ao Minuto.

O segundo dia traz Amin Maalouf para uma conversa com o jornalista José Mário Silva, onde se discutirá se o progresso tecnológico é promessa ou mais um episódio no “naufrágio das civilizações”. O dia inclui ainda debates sobre ficção científica, linguagem inclusiva, resistência ortográfica e arte experimental, além de uma conversa entre Ricardo Araújo Pereira e Francisco José Viegas sobre ludismo e os receios contemporâneos face à tecnologia. A noite fecha com dois concertos: um narrativo e outro a cargo da Lisbon Poetry Orchestra.

No dia 11, o festival recebe Paul Lynch, vencedor do Prémio Booker 2023, que discutirá distopias e democracia com a crítica Isabel Lucas. Juan Villoro, autor de “Não sou um robô”, falará com José Alberto de Carvalho sobre os impactos dos algoritmos no quotidiano. Entre as várias intervenções do dia, destacam-se as de Alberto Manguel e António Horta Branco, além de debates sobre linguagem e repressão ideológica, inteligência artificial e o papel da literatura no futuro.

A encerrar o festival, Ana Lua Caiano subirá ao palco com um concerto que promete fundir música eletrónica, tradição portuguesa e os sons do quotidiano.

Foto: Paul Lynch. © Joel Saget

Notícia adaptada. Fonte: LUSA