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Guy Debord, nascido em Paris a 28 de dezembro de 1931, foi um teórico marxista, pensador, agitador e, pontualmente, cineasta. Mas foi, sobretudo, na minha perspetiva, o mais importante artista do século XX – pelo que fez e pelos novos caminhos que abriu para a ação artística.
Realizou filmes notáveis, como o pioneiro Hurlements en faveur de Sade (1952), A Sociedade do Espetáculo (1973) – uma adaptação do seu livro homónimo – ou In Girum Imus Nocte et Consumimur Igni (1978), cujo título significa "Nós giramos à noite e somos consumidos pelo fogo", refletindo a sua crítica radical à sociedade contemporânea.
Estes filmes são extremamente inovadores per se. Foram realizados com base numa estética fragmentada, assente na apropriação e deriva de imagens, sobreposição de textos, narrativa não linear, abstrações, sons minimalistas ou silêncios. Em si mesmos, são uma crítica ao espetáculo, de que o próprio cinema é um dos principais veículos.
Crítica do Urbanismo
No entanto, a sua obra mais importante é, sem dúvida, a Internacional Situacionista (1957).
Criada como movimento artístico, na sequência da Internacional Letrista que a precedeu, afastou-se rapidamente da prática artística convencional para se tornar num movimento radical de revolução social. Do letrismo, que promovia uma arte feita com letras, a IS evoluiu para a ideia de criação de situações, mais do que a produção de objetos artísticos. Para Debord, a arte tinha-se tornado um instrumento da alienação capitalista. Uma nova arte teria de superar essa fase e dedicar-se à crítica da vida quotidiana.
Exemplo disso é a técnica do desvio (détournement), que consiste na apropriação e subversão de imagens e mensagens do sistema, revelando a falsidade das representações políticas, mediáticas e publicitárias e tornando-as num exercício crítico. Esta estratégia teve uma enorme influência na arte, mesmo na convencional, a partir da década de 1960 e até hoje. O movimento punk, por exemplo, herda muitas das ideias de Debord e da IS, mesmo que muitos dos seus protagonistas desconhecessem essa relação. A crítica à sociedade do espetáculo, o radicalismo, a provocação, o escândalo e o desvio são características do punk que derivam diretamente da IS, que as criou, teorizou, desenvolveu e praticou.
Grafitti Maio de 68
Debord não via a arte como uma disciplina separada da vida, mas como uma ferramenta de crítica e transformação social. O Maio de 68 foi o corolário da sua visão.
Interessante, igualmente, é o modo como a IS abordou a questão da automação. Num contexto em que a arte se tornava cada vez mais conservadora e anti tecnológica – procurando sistematicamente regressar à pintura manual e convencional –, a IS promoveu a automação como forma de libertar o ser humano do trabalho assalariado. A própria Internet, nos seus primórdios, foi criada por muitos libertários influenciados pelas ideias de Debord, assentando na lógica da distribuição livre e gratuita, numa espécie de Potlatch digital. No entanto, hoje, tornou-se apenas em mais um negócio nefasto.
Colagem e apropriação, arte conceptual, arte urbana, happenings enquanto construção de situações, Fluxus, crítica do consumo, arte na Internet, hacktivismo e vídeo-arte são algumas das expressões artísticas derivadas da IS.
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