TUDO SOBRE A COMUNIDADE DAS ARTES

Ajuda-nos a manter a arte e a cultura acessíveis a todos - Apoia o Coffeepaste e faz parte desta transformação.

Ajuda-nos a manter a arte e a cultura acessíveis a todos - Apoia o Coffeepaste e faz parte desta transformação.

Selecione a area onde pretende pesquisar

Conteúdos

Classificados

Recursos

Workshops

Crítica

Entrevistas

Helena Mendes Pereira e Mafalda Santos sobre a Bienal de Cerveira

Por

 

COFFEEPASTE
August 8, 2024

Partilhar

Helena Mendes Pereira e Mafalda Santos sobre a Bienal de Cerveira

A XXIII Bienal Internacional de Arte de Cerveira é a bienal de arte mais antiga da Península Ibérica e tem “Liberdade” como tema, adotando o modelo da primeira edição de 1978, com algumas novidades programáticas.  A Bienal decorre entre até 30 de dezembro. Sob o tema “És Livre?”, Vila Nova de Cerveira é palco deste evento dedicado à produção artística contemporânea para apresentar 160 obras, de 120 artistas de 20 países. Conversámos com Helena Mendes Pereira e Mafalda Santos, diretoras artísticas da Bienal, para saber mais.


Conseguem olhar, a partir de 2024, para 46 anos de Bienal Internacional de Arte de Cerveira?

A Bienal Internacional de Arte de Cerveira tem uma condição espácio-temporal especial, posicionando-se no contexto das transformações de um Portugal pós-25 de Abril de 1974, em busca da sua identidade e a dar os primeiros passos, do ponto de vista cultural e artístico, naquilo que era a adesão às vanguardas e à novidade. Tem a particularidade de ter sido um projeto pioneiro em termos de descentralização cultural e de ser exemplo de como a Arte se torna na marca de um território, possibilitando que o mesmo se desenvolva como lugar de encontro de um ecossistema criativo.


Interessa reforçar que foi um projeto antissistema, ainda que sempre com o apoio dos diferentes executivos municipais, pensado e implementado por artistas e para artistas. Não é por acaso que Vila Nova de Cerveira se identifica como a “Vila das Artes”. Portanto, este é o passado que nos antecede e com essa História de 46 anos, repletos de estórias, o que interessa é sermos capazes de pensar futuro nunca perdendo esta condição espácio-temporal e esta identidade transgressora e revolucionária. A partir de 2024, do presente, em tempos tão conturbados como aqueles que vivemos, o que é essencial é perceber como um evento artístico pode e deve continuar a ocupar esse lugar de transformação e vanguarda, com respeito por todos aqueles que ousaram criar e persistir na organização desta bienal, mas sem perder o foco numa permanente evolução, que dê respostas ao presente e ao futuro, que não permita uma cristalização ao passado mas antes que garanta continuidade.

Como convivem com o título de bienal de arte mais antiga da Península Ibérica?

Convivemos bem. Sermos a mais antiga é apenas um dado histórico. O que realmente nos move é estarmos entre mais ousadas, resistentes e estarmos entre as de maior relevância artística.

Falem-nos do tema da edição de 2024, “És Livre?”, especialmente nos 50 anos do 25 de abril
Em 2022, o mote da XXII BIAC foi “We must take action” (Devemos agir), um apelo à ação e para o biénio 2023/24, a equipa curatorial quis fazer a pergunta “És Livre?” e colocar esta bienal não apenas como a mais antiga, mas como dinamizadora de redes, parcerias e projetos que congregam os valores da Liberdade e da democracia no sentido mais amplo e progressista da pós-modernidade. Há, portanto, uma ideia de continuidade nestes temas em modo “altifalante” ou “megafone”, que tem também como objetivo devolver a bienal aos públicos e, em especial, à comunidade artística. Naturalmente, que a circunstância de se comemorarem os 50 anos da Revolução dos Cravos inspirou o mote, procurando a bienal alinhar-se com as discussões que iriam marcar o tempo do país neste período. O que verificamos ao longo destes dois anos de programação, que culminam na organização desta XXIII edição da bienal, foi que a pergunta ganha forma de quase grito, num país e num mundo em mudança e em questionamento, com liberdades, direitos e garantias ameaçados todos os dias. Consideramos que foi, por tudo isto, uma escolha de tema feliz e que coloca esta bienal no epicentro do debate que urge fazer.

Como se chega a 160 obras, de 120 artistas de 20 países?

Os números não são o mais importante. Não obstante, tem sido tónica das bienais a enorme participação, nomeadamente, de artistas dos quatro cantos do mundo. Na verdade, temos uma redução do número de artistas e obras, na presente edição, porque o nosso foco esteve na coerência curatorial e no reforço da mensagem.

Falem-nos da homenagem a Isabel Meyrelles

Trata-se de um projeto em parceria com a Fundação Cupertino Miranda, em Vila Nova de Famalicão, com curadoria de Marlene Oliveira e Perfecto E. Cuadrado. Isabel Meyrelles, atualmente com 95 anos é, pela sua história de vida e a sua obra plástica, mas também como poeta e tradutora, um exemplo de uma vida de Liberdade. É, talvez, o único nome feminino reconhecido do surrealismo português e, em ano de comemoração dos 100 anos do primeiro Manifesto Surrealista, pareceu-nos de facto muito relevante homenageá-la. Não esquecer que foi, com Natália Correia, uma das fundadoras do famoso Botequim e, aliás, a única obra em exposição que não é da autoria dela é, precisamente, um retrato feito por Natália Correia. A exposição reúne obra escultória, de influência surrealista, de Isabel Meyrelles e também documentação audiovisual que nos ajuda a conhecer melhor a artista.

O que podemos esperar do concurso internacional?

Diversidade e questionamento. O concurso internacional recebeu mais de 500 candidaturas e foram escolhidas pouco mais de 1/10 das mesmas. O concurso internacional é uma das marcas desta bienal e é através dele mantemos o propósito da vanguarda e da bienal como um fórum para várias vozes.


Destacaríamos, talvez, a enorme participação de artistas do Brasil, o que evidencia também o facto de termos tido um ciclo totalmente dedicado ao Brasil, enquanto país convidado e que é, em si mesmo, reflexo dos fluxos migratórios do país.

As visitas orientadas são ações importantes para o público?

São essenciais e são uma marca das bienais desde 1978. A criação contemporânea precisa deste exercício de educação e mediação para que comunique e se democratize em termos de acesso a todos os tipos de públicos. Numa visita orientada colocamos hipótese de leitura sobre as obras e permitimos um diálogo com os públicos que acrescenta vozes e pontos de vista.

O que mais destacam, do muito que se irá passar até 30 de dezembro?

Destacaríamos o programa de residências artísticas que coloca artistas em todas as freguesias do concelho de Vila Nova de Cerveira.

A direção artística de bienal é partilhada. Como decorre esse diálogo?

A organização das bienais internacionais de arte de Cerveira é densa e complexa. É errado reduzir as vozes deste pensamento artístico ou torná-la única. Aliás, ao longo deste biénio de programação, foram vários os momentos em que convocamos outras vozes com o convite a diferentes curadores nacionais e internacionais. O diálogo decorre em liberdade e encontro e tivemos momentos em que partilhamos mesmo processos curatoriais o que foi muitíssimo interessante.

Como é a  ligação com a muito próxima Espanha?

Estruturante. Vila Nova de Cerveira é vivida diariamente por espanhóis e eles são uma boa percentagem do público das bienais. Diria que Alto Minho e Galiza falam, muitas vezes, a uma só voz. A dinâmica de euro região tem cada vez mais relevância.

É importante “fugir” do eixo Porto-Lisboa?

É importante criar o eixo Algarve-Lisboa-Porto-Vila Nova de Cerveira-Açores-Madeira-Trás-os-Montes, etc. Ou seja, criar redes e fomentá-las. Levamos uma exposição a Lisboa e vamos ter exposições em Vila Nova de Gaia e Porto. Fomos parceiros da primeira BIALE (Alentejo) e somos da Linha d’Água (Trás-os-Montes). Temos um novo projeto com os Açores e o Algarve. O que importa não é fugir do eixo mas ampliá-lo.

Imagem: Antoni Muntadas. Palabras...,2017-2020 (Foto de Santi Burgos)

Apoiar

Se quiseres apoiar o Coffeepaste, para continuarmos a fazer mais e melhor por ti e pela comunidade, vê como aqui.

Como apoiar

Se tiveres alguma questão, escreve-nos para info@coffeepaste.com

Segue-nos nas redes

Helena Mendes Pereira e Mafalda Santos sobre a Bienal de Cerveira

Publicidade

Quer Publicitar no nosso site? preencha o formulário.

Preencher

Inscreve-te na mailing list e recebe todas as novidades do Coffeepaste!

Ao subscreveres, passarás a receber os anúncios mais recentes, informações sobre novos conteúdos editoriais, as nossas iniciativas e outras informações por email. O teu endereço nunca será partilhado.

Apoios

03 Lisboa

Copyright © 2022 CoffeePaste. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por

Helena Mendes Pereira e Mafalda Santos sobre a Bienal de Cerveira
coffeepaste.com desenvolvido por Bondhabits. Agência de marketing digital e desenvolvimento de websites e desenvolvimento de apps mobile