Irene Cruz é uma das actrizes portuguesas mais conceituadas. Com uma carreira de mais de 55 anos, já fez um pouco de tudo nas artes da representação. Em entrevista, conversámos com ela para saber um pouco mais sobre o seu percurso e sobre a cultura.
Já cumpriu 55 anos de carreira. Que balanço lhe é possivel fazer?Que já fiz muita coisa, muitas personagens belas, sempre com o pensamento no público anónimo que se senta na plateia para ver um todo do espectáculo e também para ver o meu trabalho. Respeitamo-nos igualmente. Adoro e amo sempre o que faço.
Trabalhou em teatro, televisão, cinema e dobragens. O teatro continua a ser a grande paixão?Sem dúvida: o Teatro! É o meu amor maior, a minha vida é…tudo o que eu sou ou ainda mais.
Juntamente com João Lourenço, Rui Mendes e Morais e Castro fundou o Grupo 4, pioneiro no teatro independente em Portugal. Qual pensa terá sido a influência deste colectivo no panorama cultural?A influência de chegar a outros colegas, a outras pessoas para fazer como nós e saber que não se enriquece na ‘carteira’, mas sim ‘na alma’, até porque fazer teatro não é para todos, não é para inconscientes. Teatro significa Arte, Amor e Sacrifício. E , como tal tem que ser respeitado.
Peça: Amor e Informação
Que significado teve para si ser agraciada com a Ordem de Grande Oficial do Infante D. Henrique pelo Presidente da República Jorge Sampaio?Um reconhecimento do meu trabalho de muitos anos – 50 anos naquela altura. Fiquei muito feliz e reconhecida.
Consegue escolher o papel mais marcante da sua carreira?Talvez o
Círculo de Giz Caucasiano , por várias razões:
1ª já eramos livres em 1974 e podíamos fazer os textos de Brecht e outros que estavam proibidos pela censura. A liberdade venceu!
Ser livre é uma
palavra e um
sentido que estava proibido e nós conseguimos alcançá-la.
É fundadora do Teatro Aberto. Este está de boa saúde?Vamos estando e andando ao sabor “das burocracias” que ainda têm um sabor fascista.
O que faria para levar mais público às salas de teatro?Não governo nem sou Deus; para fazer magia é preciso ser mágico, não somos.
Damos de nós tudo o que sabemos em prol de uma causa nobre: O Teatro. A nossa Arte e a nossa Profissão.
Viva o Teatro, viva, viva, viva!