A Jangada Teatro, sedeada em Lousada, cumpre 15 anos de existência. Na semana em que se assinala o Dia Mundial do Teatro, conversámos com Luiz Oliveira e Rita Calatré para conhecer melhor esta companhia e a sua actividade.
A Jangada vai cumprir este ano 15 anos de existência. Como avaliam o vosso percurso?Como agentes de cultura temos, desde a primeira hora, claramente presente um trabalho que assente sobre uma coerência artística e estética que leve à credibilização e reconhecimento dos vários públicos que fomos conquistando. As nossas criações artísticas partem de Lousada para serem apresentadas de norte a sul de Portugal e no estrangeiro, o que nos levou já a países como os EUA, o México, o Brasil, Lituânia, França, Espanha e China mais recentemente. Um dos elementos que vem corroborar o reconhecimento da companhia é, por exemplo, o gradual aumento do número de jovens do concelho de Lousada que escolhem como formação superior o ensino artístico, encontrando depois empregabilidade na Jangada teatro. É, portanto, um percurso em constante crescimento, que queremos continuar a percorrer.
Que acontecimento destacariam destes 15 anos?A atribuição da Medalha de Mérito Municipal foi um dos momentos altos que atestou a companhia como figura preponderante das artes e da cultura em Lousada e, colocada em patamar cimeiro das estruturas teatrais portuguesas, pelo Ministério da Cultura, através dos seus órgãos de apoio às artes.
Que planos têm para a celebração?Pretendemos que, acima de tudo, seja uma confraternização entre todos os que têm vindo a fazer parte deste nosso caminho, desde criadores até ao público que sempre nos acompanhou. Vamos ter momentos de espetáculo, homenagens, o lançamento da nossa revista oficial, a abertura da exposição dos 15 anos da Jangada Teatro e claro, vamos todos juntos cantar em uníssono os parabéns a esta data tão marcante, que não podia deixar de ser, no dia mundial do teatro.
O que podemos esperar da revista da Jangada Teatro a ser lançada?A revista apresenta cronologicamente as 43 produções da companhia, as várias edições do Festival Internacional das Artes do Espetáculo Folia e Foliazinho, organizados e realizados pela Jangada teatro. Faz a homenagem a um dos atores fundadores já falecido. Vem revisitar alguns dos grandes momentos da vida da companhia nas suas digressões por Portugal e pelo estrangeiro, entre outros episódios relevantes.
Que tipo de linguagem teatral procuram nos vossos espetáculos, e como escolhem os textos?Assumimos hoje uma singularidade estética através de um género que apelidamos de teatro de transmutação, que parte de temas e/ou figuras de cariz universal para encenações contemporâneas, incorporando-lhes música e canto ao vivo. Há neles, ainda, a inspiração numa cultura popular tradicional, onde se desvestem formas e formatos, procurando sempre a inovação artística.
Que desafios encontram por estarem localizados fora dos grandes centros urbanos?O fenómeno da interiorização, apesar de Lousada pertencer ao distrito do Porto, é uma realidade que diariamente procuramos inverter. A visibilidade que as principais cidades do país reivindicam para si face à centralização da capital, transforma-se num esforço redobrado quando se trata de promover o trabalho artístico de uma companhia de teatro que está sedeada em Lousada. Contudo, não consideramos isto como uma desvantagem, já que podemos sentir diariamente o apoio e o carinho do público muito próximo de nós, do qual recebemos o feedback imediato, ajudando-nos a crescer e fazer-nos acreditar no projeto a larga escala.
Como se processa o envolvimento com a população local?O reconhecimento do nosso projeto artístico junto do público local faz-se por via de um trabalho permanente com as escolas dos vários graus de ensino, aliando o lúdico ao didático inerentes à própria arte teatral. Simultaneamente algumas das nossas produções visam a inclusão da comunidade, seja através da participação de associações, ou de outros grupos.
Há algum novo espetáculo previsto no futuro próximo?Está já na calha o novo espetáculo intitulado “American Way”, inspirado na nova geração migrante portuguesa e nos sobressaltos da viagem, com encenação de Fernando Moreira, a estrear no dia 24 de abril a abrir a 15ª edição do Festival Folia. Ficamos desde já à vossa espera, aqui na nossa casa, o Auditório Municipal de Lousada, a grande sala de espetáculos do Vale do Sousa.
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