João Rosa é actor, encenador, e formador na área do teatro. Conversámos com ele sobre o seu percurso, trabalho e planos.
O espectáculo "Afogada na tua vergonha", encenado por ele, está em palco no Teatro da Comuna até dia 19 de Março de 2017.
Conta-nos um pouco acerca do teu percurso artístico.Como formador desenvolvo vários workshops, oficinas de teatro e cursos de formação de actores na Oficinas Teatro Lisboa. Tenho realizado paralelamente várias acções de voz para empresas como: Grupo Intimissimi e Calzedonia, Fujitsu, TeamView, Ministério da Defesa Nacional, Grupo Jerónimo Martins, Socremo (Moçambique), Colégios Maristas (Brasil), Serviços Sociais Administração Pública, Vantagem + Consultores Formação Lda, entre outros.
Autor da mais recente criação “Afogada na tua Vergonha (2017) Comuna Teatro de Pesquisa, Espectáculo-Palestra-Performance “Eu tenho Voz” (2016) estreado no Auditório Camões. Evento disponível em itinerância. “A Vida é Sonho”, texto de Pedro Calderón de La Barca que esteve em cena em 2014, na Comuna Teatro de Pesquisa. No final de 2013 criei “Galgar com tudo por cima de tudo” inspirado em textos de Fernando Pessoa e Álvaro de Campos também na Comuna Teatro de Pesquisa e em 2015 no Teatro da Trindade. “Ode Marítima” de Álvaro de Campos no Auditório Camões em 2012 e 2013. “O crime de Aldeia Velha” de Bernardo Santareno no Palácio da Independência em 2011. “A casa de Bernarda Alba” de Federico Garcia Lorca, também no Palácio da Independência em 2010. “O café” de Carlo Goldoni no Cine-teatro A Barraca em 2009 e o texto Antes de começar de Almada Negreiros em Peniche e Viseu no ano 2005. “E Sexo?! Não se fala de Sexo?” baseado no livro de Isabel Stilwell no Teatro da Trindade-sala Estúdio em 2005. Em 2006 criou a peça "Desassossego" uma comédia sobre as relações amorosas no Auditório do IPJ Parque das Nações, esteve em cena em 12 cidades.
Entre 2001 e 2005 dirigi o Fórum Cultural de Alverca onde produzi e criei peças de cariz experimental e enquanto actor e encenador, desenvolvendo performances e espectáculos.
No Teatro Nacional São Carlos, como actor, participei na Opera Salomé, Siegfried conjunto da tetralogia de Wagner temporada 2008/2009, Die Walkure de Richard Waguer e Maria de Buenos Aires opereta de Astor Piazzolla temporada 2006/07.
Foto de Carlos Almeida
Estás agora em cena com uma criação da Oficinas Teatro Lisboa "Afogada na tua vergonha", baseado em textos de Sarah Kane e Robert Corte. O que te levou a estes autores?Eestes autores estavam na gaveta à espera da oportunidade e momento certo para serem resgatados. O timing e a oportunidade acabou por acontecer há 6 semanas. Tinha uma certeza: abordar algo sobre relações humanas, só que, com uma particularidade diferente, uma linguagem estética mais contemporânea, usando a fisicalidade dos actores como elemento chave para uma interpretação abstrata e com simbolismos associados ao tema. Reunir dois universos distintos como a depressão e loucura de Sarah Kane e a agressividade dissonante de Roberto Corte, permito-me a inquietação necessária para esta criação.
Como foi o processo de criação deste o projecto?Este foi particularmente diferente. Tínhamos um tempo disponível relativamente pequeno, existia a vontade dos três, e foi o que bastou. O resto foi trabalho, suor, nódoas negras, sentir, experimentar e muita generosidade. Já é habitual ter a Catarina Gonçalves nas minhas propostas, por ser uma atriz versátil e muito disponível, tanto do ponto de vista criativo, como física e emocional. O Eduardo Frazão, desde o “A vida é sonho” que passou também a fazer parte dos meus planos artísticos, pela sua versatilidade e identidade artística, ambos resultam fenomenalmente. O resultado deste espetáculo provém da energia e da capacidade técnica e emocional destes dois maravilhosos atores.
Foto de Carlos Almeida
O que procuras nos teus intérpretes?Disponibilidade criativa, física e emocional. O mais importante, a mesma identidade artística.
És formador, criador, actor. Que projetos teus podemos esperar para o futuro próximo?Continuidade, crescimento do projeto educativo/formativo (Oficinas Teatro Lisboa) e mais novos projetos na área da criação e interpretação.