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Revisitar a História

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JOANA NETO
September 3, 2023

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Revisitar a História

O Diário de Anne Frank, obra conhecida mundialmente e traduzida para várias línguas, foi escrito por uma das muitas adolescentes judias vítimas do Holocausto. O testemunho de Anne Frank que terá falecido, assim como a irmã Margot, em Bergen Belsen, algures em meados de 1945, vítima de tifo, dá mote ao espetáculo dirigido por Marco Medeiros, produção do Teatro da Trindade/Inatel, na versão de Frances Hoodrich e Albert Hackett.


A nova temporada do espetáculo está agora em cena no Teatro Maria Matos, em Lisboa, até dia 8 de outubro de 2023.


Num contexto de crescente perseguição às famílias de origem judaica na Holanda, a família Frank, Otto Frank e a mulher Edith Frank e as filhas Anne e Margot, à qual se juntou a família van Pels e,  posteriormente,  o Sr. Dussel (pseudónimo adotado por Anne para o Sr. Fritz) com o auxílio de várias pessoas, nomeadamente Miep Gies, ex funcionária de Otto Frank e o marido, refugiaram-se num esconderijo em Amesterdão,  um sótão de um prédio que fica atrás da antiga empresa de família Frank, o "Anexo Secreto", como é designado por Anne, e ali permaneceram durante dois anos até serem descobertos pela Gestapo.


Esta peça conta-nos esses dois anos em que aquelas famílias viveram confinadas, forçadas ao silêncio durante o dia,  dependentes da ajuda exterior, aterrorizadas com  o medo de serem denunciadas, obrigadas a partilhar alimentos sujeitos a racionamento, um contexto que agudiza tensões e conflitos.
O espetáculo não desperdiça o retrato histórico a que o Diário de Anne não é nem poderia ser alheio, o registo antropológico de uma menina privada da adolescência e a viver intensamente o seu crescimento toldado pelo medo e pela opressão daquele contexto, nem escapa à descrição da relação amorosa com Peter, o filho, tímido, do casal van Pels com o qual Anne constrói uma proximidade porventura precipitada pelas circunstâncias.  O sótão, cuidadosamente exposto na cenografia de F. Ribeiro, é acompanhado pelo desenho de luz de Marco Medeiros. Entre o palco e a projeção em tela dos ângulos mortos e ocultos da cena nada é deixado ao acaso, permitindo espectador descobrir lugares secretos por várias lentes.


Se somarmos a esse trabalho um conjunto de atores experientes e bem conhecidos do grande público como João Reis ( Otto Frank), Anabela Moreira (Sra. van Pels) e Carla Chambel ( Edith Frank), Paulo Pinto (Sr. Dussel) há condições para estar à altura das expectativas.


Atores de outras gerações e com outras experiências, como Beatriz Frazão (Anne Frank), Catarina Couto Sousa (Margot Frank) ou João Bettencourt (Peter), mas também Diogo Mesquista (Sr. van Pels), Rita Tristão da Silva (Miep) e Romeu Vala (Jan Gies) compõem o elenco.


O espetáculo ganha com a forma límpida com que conta uma história, sabendo o carinho com que o testemunho franco de Anne tem sido acolhido pelo público em todo o mundo. À interpretação consistente de João Reis e genuína de Carla Chambel, soma-se o já conhecido talento de  Anabela Moreira a tricotar os tiques e manias das personagens numa muito feliz interação com Diogo Mesquita que se vai tornando uma personagem incómoda e insuportável, mas também ansiada pelo ritmo que imprime à peça e o mesmo se aplica ao ator Paulo Pinto que nos oferece a verosímil irritabilidade do Sr. Dussel. A história de Anne Frank já foi fonte de inspiração para a sétima arte e objeto de várias adaptações. Fará sentido retomar este legado? Num contexto de ascensão de regimes autoritários e de eclosão de movimentos ideológicos de matriz totalitária o reencontro com o passado, a revisitação da História e  a disseminação através  de várias formas de expressão artística, onde o teatro ocupa um lugar incontornável, de mensagens de tolerância que contribuam para contrariar populismos e preconceitos não só faz sentido como é urgente. Talvez por isso não seja de espantar que este espetáculo, lotado, tenha sido aplaudido com tanto entusiasmo. É caso para dizer que é hora de agendaram uma visita ao Teatro Maria Matos, levem a família, os amigos, suspeito que este espetáculo vai continuar a encher salas, quiça pelo país, e por bons motivos.


O Diário de Anne Frank ,em cena no Teatro Maria Matos até 8 de outubro de 2023

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